A violência no cotidiano periférico
Fotografia por: Renan Dias |
Jovens, inocentes, e nitidamente,
evidentemente sonhadores, repletos de desejos são constantemente ameaçados de morte,
da violência avassaladora, isto é, designada legitimamente como justiça e o bem.
Dito isto, sabe-se muito bem que essa justiça se consiste em uma seletividade,
assimetria, desigualdade, acometendo os jovens negros e periféricos a um
desastre, ao padecendo precoce.
A polícia tem um alvo. Na periferia, a morte tem
preferência. De nenhuma forma, deve-se naturalizar essa frequência desenfreada
de violência, de exploração, de subjugação que o Estado e os que possuem
capital realizam, logo necessita-se de uma consciência do lugar, da vivência e
da condição que estes se mantêm, procedendo de forma associativa, através dos
afetos, da empatia e da solidariedade. Somente assim, o povo por si pode
resistir contra a violência estrutural que os oprime.
A noção de vida, de bem-estar, de lazer, trabalho,
segurança são extremamente desconsiderados pelas as autoridades, no qual evidentemente
são estabelecidos somente em períodos de eleições, ou seja, o interesse dos
políticos fazem com que esses bens da comunidade sejam apenas um mecanismo para
usufruir votos. Os jovens e os trabalhadores não devem tratados desse modo,
justamente pela a condição material que vivem, pelo o cotidiano duro e difícil.
Suportar a dor do trabalho incessante, desgastante,
apenas para manter a renda básica da família é uma situação inadmissível, cuja
essa mesma família ainda deve tolerar o ambiente de insegurança, se ater a
educação dos filhos, da escola, do almoço e da janta. Por fim, é permitido
identificar que para alguns, essa rotina é simples e natural, enquanto para
outros fica-se evidente que é uma luta constante, árdua e incerta. Como uma
criança e um jovem lidar com um ambiente assim (interrogação) Urgentemente é preciso
conscientizar dialogando com esses jovens, abordando modelos aos quais há possibilidades
de uma vida melhor, justa e igualitária para todos. Em que a violência não seja
um preceito básico e natural na existência delas.
Haja também uma perspectiva da cultura, da educação,
da empatia e solidariedade da própria comunidade, assim, de nenhuma forma vai
ser normalizado a violência policial, o descaso da prefeitura em áreas emergentes,
da frequência de moradores de ruas suplicando uma refeição, de jovens morrendo
como se fosse apenas um fim do dia. No dia-a-dia, no ambiente familiar e nas relações
pessoais, na rua, no trabalho, o debate deve ser realizado para que resulte em reflexões,
ações, transformações, e por conseguinte, um progresso humano construído por sentimentos
de liberdade e simultaneamente de coletividade.
Que os adolescentes negros possam curtir normalmente
um rolê pelo o bairro sem o medo e o receio de ser coagido pela a polícia
devido somente por sua cor de pele, as mulheres andem em qualquer horário á vontade,
seguras de que nada pode violá-las, ou seja, que é direito de qualquer mulher
ser libertada das amarras machistas, e as inúmeras violências não citadas neste
texto devem ser abolidas e questionadas o motivo de persistir e afetar tanto a
comunidade periférica. No momento presente, questioná-las é exercer o papel do
ser humano, exigindo direitos de condições melhores, tanto de trabalho como de
lazer.
O medo presente, portanto, é um aspecto que todos
querem fazer desaparecer, pois sabe-se que interfere no desenvolvimento da
criança e do jovem, e ali, ao crescer vivenciando aquilo, propicia traumas e
mudanças em todos os aspectos. Portanto, o povo deve e merece condições
melhores, vidas melhores, em que certamente devem vivenciar, aproveitar, e não
apenas sobreviverem desoladamente, concebendo um futuro definido na violência,
no temor, no desespero.
O jovem é definido pela a esperança e o sonho, é
próprio dele ser utópico, contudo, os sonhos se constroem no hoje, no presente,
na luta cotidiana, nos atos, ou melhor, na criação de sentimentos e afetos. Que
aos poucos pereça a violência e o amor, empatia e liberdade predominem.
Por Nathan Mesquita
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