Frutos de Resistência

Frutos de Resistência

A luta em Pedra de Fogo para sobreviver ao COVID-19






O lugar é Pedra de fogo, distrito de Sobral, no interior de Ceará, e até o dia 23/05/2020 não havia nenhum caso de Covid-19 confirmado por aqui, (hoje no dia desta publicação 01/06/2010, está confirmado um caso e 3 em suspeita, por temerem a estigmatizarão e preconceito, aqui só começaram a procurar fazer exames agora) o que é bastante estranho se compararmos com os outros lugares do país.

O distrito fica vizinho a Pau-d'Arco onde teve um caso confirmado de uma jovem e Aroeiras que segundo relatos tem vários casos. Ficamos no meio desses dois lugares e mesmo assim até o momento tivemos apenas um suspeito que foi depois descartado, o que é estranho, pois a maioria não está desrespeitando as medidas preventivas.

O que era visto apenas nos jornais, parecendo ser algo tão distante de nós e nosso cotidiano, um vírus que apareceu em dezembro passado, na cidade chinesa de Wuhan se espalhando pelo mundo, deixando de ser uma epidemia virando uma pandemia chega no Brasil. O que parecia tão longe de nós fazendo muitos até duvidarem da existência chega no Ceara, vindo a Fortaleza, Sobral e chegando cada vez mais perto dos interiores, os municípios e distritos onde muitos duvidavam de sua existência chegando até a espalharem informações de grande ignorância em relação ao que está acontecendo.

 Com números absurdos de mortes pelo novo coronavírus no país, o Brasil segundo o ministério da saúde ultrapassou a China em óbitos. Ainda sim com extrema ignorância uma parcela da população, inclusive pessoas aqui do interior defendem que a doença é apenas mentira da mídia, um “jogo político”, o que acaba dificultando mais ainda a conscientização das pessoas para a realização de medidas preventivas de combate a proliferação do vírus.

A situação do macrocosmo político durante a pandemia.

A menos que você viva em outra dimensão ou outro planeta, não é novidade para você nem para ninguém o fato de esse atual governo ser um verdadeiro caos, um circo de horrores ditados por um palhaço, onde há injustiças e ataques de várias formas a maioria da população, principalmente as de classe baixa que vivem nas margens da sociedade.

 No macrocosmo político desde o começo da crise do covid-19 o governo, especificamente figuras como Jair Bolsonaro e os que compactuam com ele, tanto os da bancada política dele quanto os seus eleitores vem provocando mais caos ainda através de fake News sobre a doença, omissões e contradições em relação as medidas preventivas para conter o avanço do vírus.

Ouvir falas absurdas como “E dai? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre” e afirmações absurdas como dizer que a doença é “histeria coletiva”, uma “gripezinha”, e ainda se usar como exemplo dizendo “depois de uma facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar não”, são coisas que estão fazendo parte do nosso cotidiano.

 Por falas desrespeitosas, afirmações de pura ignorância, brincadeiras insensíveis e ações irresponsáveis, Jair Bolsonaro mostra quem ele realmente é, um desalmado no poder. Afirmações sem nenhuma base cientifica como dizer que pelo seu histórico de atleta (isso é dito pelo homem que não consegue fazer nem uma flexão bem executada) está isento de pegar a doença. Se isso fosse verdade as olimpíadas em Tóquio não teriam sido canceladas, visto que os atletas segundo o que ele disse de si mesmo, são imunes. Obviamente as olimpíadas foram canceladas principalmente para evitar aglomeração de pessoas de todos os países, algo inadmissível nesse momento.

 Com afirmações como essas e outras Bolsonaro só prova o quanto é ignorante e despreparado para governar, visto que não consegue nem por uma máscara de forma descente no rosto, quem dirá ser presidente de um país. Ações como mobilizar uma manifestação em plena pandemia, onde é recomendado evitar qualquer tipo de aglomeração é um atentado a vida e um ato que prova sua grande irresponsabilidade. Brincadeiras e tratamentos que ridicularizam a doença, mesmo com tantas notícias ruins sobre, mostram o quanto ele e quem compactua com o mesmo são insensíveis por fazer brincadeiras desprezíveis em um momento onde tantas famílias padecem chorando, vendo seus entes queridos morrendo tanto pela doença como também por falta de atendimento, além dos que morrem por outras doenças que necessitam de atendimento urgente como doenças cardíacas por exemplo, os quais morrem por falta de atendimento rápido devido os leitos já estarem ocupados por vítimas do coronavírus.

A polarização política no macrocosmo.

No macro as coisas começaram a ficar confusas e foi cada vez mais ficando polarizado entre os que continuam do lado do Bolsonaro e os de bom senso que acabam saindo. Um barco que está naufragando e quem vê que não faz sentido algum afundar junto acaba pulando fora. Quem não pula fora ou se posiciona contra está extremamente “desorientado” ou “cego” a ponto de não ver os absurdos que estão acontecendo, ou fazendo aqui referência ao filme Bastardos inglórios, estão marcando a si próprios com uma suástica na testa, mesmo que talvez não estejam sabendo, o que é quase impossível, pois  está cada vez mais gritante o fascismo representado por esse governo, que nem disfarça. Chegamos até a ponto de presenciar o discurso do ex-secretário nacional da cultura Roberto Alvim que na época em que exercia o cargo pronunciou um discurso inegavelmente fascista fazendo referências semelhantes ao ministro da propaganda de Hitler.

Das saídas do 1º escalão do governo Bolsonaro as que mais impactaram foram as do ex-ministro da justiça Sergio Moro e a do ministro da saúde Nelson Teich que por muitos era pintado como mais um que Bolsonaro escolheu para compor sua bancada por concordar com tudo que ele dissesse sem se opor, mas o tempo mostrou o contrário.  Posteriormente Teich renunciou ao cargo que até então estava nele substituindo Luiz Henrique Mandetta, que foi demitido pelo que parece de forma injusta, devido ao clima tenso entre ele e Bolsonaro pois divergiam em relação ao que diz respeito as medidas preventivas de combate ao Corona.

A polarização no macrocosmo político influenciando o microcosmo social. Dicotomias no interior. 

As polarizações políticas no macrocosmo também se refletem no micro, onde podemos ver claramente uma dicotomia entre dois polos aqui nos interiores. Uma parcela da população desses lugares tem bom senso a ponto de enxergar a doença com a seriedade que ela merece, a outra parcela apesar de tudo ainda não leva a sério a doença e descumpre as medidas preventivas como isolamento, defendem até volta a “normalidade” sem se importar no impacto que suas ações podem causar na vida dos outros, podendo até leva-las ao fim, no pior dos casos. Esperamos que não precise chegar ao ponto de algum dos seus membros de suas famílias morrer para só assim acreditem e comecem a levar a situação com mais seriedade.

Aqui em Pedra de fogo, distrito de Sobral, não escapa disso pois apesar de todas as mortes expostas nos jornais televisivos, o que já deveria ser suficiente para faze-los colocar a mão na consciência, ainda sim uma grande parcela de pessoas persiste na ignorância e negacionismo. Fora essas mortes expostas pela grande mídia há também outro número absurdo de mortes que não são mostradas nesses grandes veículos de informação, mortes que poderiam ser evitados, mas não são, devido as omissões do governo em enxergar e ajudar essas pessoas.

Com essa espécie de “invisibilidade” social composta por omissões do governo vemos então se configurar a necropolítica.  Um verdadeiro genocídio da parcela mais pobre da população, onde na medida que a epidemia avança em lugares ignorados como as favelas, periferias, asilos de idosos, aldeias indígenas e presídios, a dificuldade para impedir o avanço da doença só aumenta.

Mesmo com todas essas mortes o negacionismo em relação a elas persiste, vindo do lado das pessoas que ainda apesar de tudo compactuam com o Bolsonaro. Essas mesmas pessoas tomam fake News como verdade e espalham como argumento contra a seriedade da atual situação de pandemia. Notícias falsas como a dos caixões sendo enterrados vazios, distribuições de mascaras contaminadas vindo da China ou que o coronavírus e um jogo político da oposição do Bolsonaro para acabar com o seu governo, são informações erronias espalhadas aqui por pessoas em grupos de whatsapp de famílias, amigos e igrejas evangélicas, ou em conversas de bares antes de pôr intervenção policial serem fechados, o que não adiantou muito, pois nos fins de semana as pessoas ainda se aglomeram, agora bebendo nas causadas de casa e das vilas. Essas informações falsas acabam dificultando mais ainda o enfrentamento a pandemia.

Mudanças no comportamento e paisagens do interior.

É difícil um isolamento social a rigor nos interiores, devido à os costumes que as pessoas têm de se reunirem sentados nas causadas ou nos terreiros para conversar no final da tarde e a noite, algo que faz parte da cultura presente no cotidiano do sertanejo. No entanto apesar desse e outros hábitos, aos poucos as paisagens vão mudando, e começaram a aparecer pessoas usando máscaras cada vez mais. Situações curiosas como a substituição de uma Santa num altar por um vidro grande de álcool em gel ilustram um pensar diferente além da religiosidade por parte de alguns ou a perca de uma fé dando lugar a outra.  

Estabelecimentos onde antes se reuniam muitos como os bares e igrejas estão fechados, embora tenha sempre algum bar que persistem em abrir momentaneamente, mas alertas em relação a qualquer sinal de repressão. Lugares de culto religioso como a igreja católica daqui e as três evangélicas estão fechadas, apesar de alguns evangélicos quererem quebrar isso, já a maioria dos católicos ao que parece aceitam de boa vontade. Aqui é bastante visível o fato de a igreja católica apesar de tudo compactuar mais com causas sociais e terem mais consciência e solidariedade.

Em relação ao trabalho, como a maioria aqui trabalha na informalidade em trabalhos braçais, os mesmos nem pararam por causa da pandemia e estão trabalhando na colheita de milho e feijão, o que pode até ser um trabalho aceitável, visto que não há em roçados grandes aglomerações e quando tem um número maior de pessoas estão sempre a uma distância considerável um do outro.

 Durante o verão a maior parte dos habitantes daqui trabalham na produção de cal em caieiras, trabalho braçal e pesado, informal, onde se expõem o dia todo ao sol forte e sem direitos trabalhistas, mas durante o inverno esse serviço para, devido as chuvas que empatam, então nesse período começam o trabalho agrícola de subsistência no plantio de feijão, milho e jerimum, capinas do solo e por último as colheitas. Como já estamos no fim do inverno, as colheitas continuam, mas aos poucos as caieiras começam a retornar o funcionamento, mas já se vê o uso de mascaras por parte de alguns trabalhadores do cal e agricultores.

Fazendo o certo, mas por motivos mesquinhos.

As aglomerações de pessoas bebendo cerveja migraram dos bares para as causadas das casas e vilas, mas com uma diferença interessante, aqui e ali se pode ver alguém com máscara. Nisso tudo algo que incomoda é uma parte da população tanto de Sobral, municípios e distritos como Pedra de fogo, Aprazível e outros estarem fazendo o correto em relação as medidas preventivas, mas pelos motivos errados.

 Muitos só começaram a utilizar mascaras apenas quando começaram a ir a Sobral para pegar o auxílio emergencial, no entanto muitos desses não fizeram isso para se prevenir e contribuir com a sua segurança e preservação da saúde dos outros, mas sim por temerem ter que pagar multa, ação lamentável daqueles que ainda compactuam com o governo de Bolsonaro que insistem em não acreditar no que está acontecendo, ou os que não ligam para o seu bem estar nem para o dos outros, no entanto se meche com seu bolso, ai não dá. Obviamente tem uma pequena parcela de idosos ou pessoas mais jovens que simplesmente ignoram ou não acreditam. Houve até uma fala de um habitante daqui que ficou famosa “Usar máscara? Para que usar isso quando for para Sobral? Não usarei, pois mesmo que seja verdade o que dizem, eu nem quero viver muito mesmo! “ E então ao falarem ao mesmo que caso fosse pego por lá sem máscara seria multado ele disse “É mesmo? Onde que consigo uma máscara por aqui? ”.

 Vemos pessoas que cultuam o dinheiro, assim como muitos governos que por traz de belos discursos em prol da vida no combate ao Covid-19, escondem o seu verdadeiro culto, a adoração a nova deusa dos que estão no topo, a deusa economia, ameaçada por colapsos no capitalismo, “divindade” essa que em governos como o que está aqui vigente nem há um disfarce sobre essa adoração dela 2acima das vidas.  Podemos ver explicitamente esse culto através de adoradores dessa deusa como o milionário Roberto Justus que nem disfarça que é ela, a deusa economia que deve por eles ser preservada, mesmo que a custa das vidas de muitos, os quais ele por meio de um discurso descarado quis convoca-los de volta para o trabalho. Enquanto isso, paralelamente o mesmo que convoca a saírem de casa está em seu lar de quarentena, confortável com sua família, muito álcool em gel, comida e possivelmente assistindo netflix.

Solidariedade entre os de baixo

Mesmo com tanta coisa ruim acontecendo no Brasil inteiro e no mundo antes e agora por consequência do Covid-19 e as omissões tanto dos governos no macro como das pessoas no micro, ambos com atos carregados de ignorância, irresponsabilidades e egoísmo, nem tudo é desgraça e desesperança.

 Por mais que os jornais sensacionalistas foquem em mostrar somente violência e na maioria das vezes envolvendo moradores de favelas e periferias, muitos deles jovens envolvidos em crimes, causando medo e desesperança no povo em relação a juventude e adultos quando na realidade não é bem assim, isso é apenas um recorte tendencioso da grande mídia, sem mostrar as omissões políticas que causam isso, criando os “bandidos”. Tanto em Sobral como aqui em Pedra de fogo há pessoas jovens e adultas na comunidade se mobilizando de alguma forma para fazerem sua parte nas lutas do cotidiano, as quais pedem a união e ação do povo no presente e nesse momento a luta indispensável é a luta pela vida, ameaçada por a pandemia do vírus Covid-19.

Em Sobral por exemplo existe o Movimento social FOME, uma ação solidaria dos de baixo para os de baixo, incentivando o poder da juventude a nesse momento agir nas lutas do cotidiano que pedem ação urgente. No momento a batalha de maior urgência é a do combate ao Covid-19. Para tal o movimento social FOME está pondo em pratica um projeto, o Bike Sonora. Contrariando a imagem destorcida dos jovens que esses jornais tentam passar, nesse projeto os jovens passam de bicicleta nos bairros e periferias, transmitindo informações básicas sobre os cuidados necessários para se protegerem do vírus, como dicas de higiene básica. Tudo isso é feito de uma forma que não quebre o isolamento social, pois todos podem ouvir essas informações passadas por meio de uma caixa de som na bicicleta, e assim as pessoas se informam dentro de suas casas, seguros sem precisar sair.
1 Membros do Bike sonora na sua batalha urbana. 
Os três de bicicleta (Emanuel, Cleyrton “Lála” e Cristiano “Padin”), são comunicadores periféricos, cada um age em um bairro específico. O rapaz de frasco na mão ( Cleyrton “Lála”) contribui com fotografaria e divulgação, os EPI's, no movimento.
  

Aqui em Pedra de fogo começamos o projeto Unidos, um embrião do que pode vir a ser futuramente um movimento libertário maior, o Estrela negra. Como tal foi proposto uma organização livre de qualquer ajuda desse necroestado, para assim nós mesmo lutarmos através de nossa mobilização contra o Covid-19. Agimos da seguinte forma: foi feito uma conversa com as costureiras daqui, com o intuito de perguntar se elas poderiam participar de um trabalho voluntario fazendo máscaras caseiras na quantidade, tempo e forma que elas poderem, para distribuirmos gratuitamente ao máximo de pessoas possível e principalmente tratando como prioridade as famílias mais carentes que não podem comprar, como a que mora em uma ocupação por aqui.  

Conseguimos um número considerável de costureiras que se prontificaram a fazer essa ação com a gente, e outras disseram que queriam participar, mas não tinha material, então tratamos também de mobilizar doações em dinheiro para comprar tecido, elástico e linha. Tinha algumas costureiras que já estavam fazendo, no entanto era para venda, mas alguma nos deu umas para doarmos.

 Quanto a distribuição foi feita da seguinte forma: cada costureira de uma área especifica ou vila, ficava responsável por fazer mascaras para distribuir as pessoas que habitam a mesma. No entanto não podíamos deixar as pessoas irem buscar na residência das costureiras, pois apesar de não ter tido na época ainda nem mesmo uma suspeita de doença, não poderíamos arriscar e pôr a vida delas e suas famílias em risco. Então apenas uma pessoa corretamente equipada com máscara e álcool em gel, ficou responsável de entregar de bicicleta as máscaras primeiro para as famílias de prioridade.

Depois de feito isso, a entrega das máscaras as prioridades, foi realizado uma postagem no Instagram e outra no facebook com fotos dos resultados de nossa ação, um texto com a proposta do movimento e pedido para que as pessoas que quisessem máscara nos comunicassem por qualquer rede social que iriamos entregar por ordem de pedido. A publicação foi um sucesso e recebemos vários pedidos de máscaras, todas entregues da mesma forma dita anteriormente, por uma única pessoa de bike. Além disso devido ao grande alcance das redes sociais e compartilhamentos da publicação feitos por mais pessoas, apareceram muita gente se oferecendo a fazer doações em dinheiro e outras se prontificando até a ir em Sobral comprar o material.

 Ao decorrer da ação do movimento a paisagem ia mudando, com o aparecimento de mais pessoas com máscaras, até crianças e antes de pararmos de contar tínhamos entregue quase 100 mascaras e isso só no comecinho. Depois disso foram entregues mais uma quantidade considerável e até hoje estamos entregando algumas poucas que ainda restam.
2 Frutos do nosso esforço, trabalho do povo para o povo. Máscaras caseiras feitas por costureiras do Unidos, Movimento Estrela Negra, (D. Valda, Alcilene “Cilene”, Marli, Eliane, D. Lídia e outras mais que nos ajudaram, mas a memória aqui falha a u tentar lembrar) e personalizadas por Jeimison Silva “James” (esse que a vos escreve) também membro da união, o qual teve a ideia do movimento e causou a mobilização através de diálogo, o que catalisou o movimento.

A pesar de tudo ainda apareceram boatos desprezíveis e maldosos, gente que disse que nossas máscaras eram infectadas, ressaltando mais uma vez que além do vírus do Covid-19 temos que enfrentar também os vírus da maldade e ignorância. Embora isso tenha momentaneamente abalado alguns, nós levantamos novamente e continuamos a luta. Que a ignorância, más intenções e egoísmo de uns não nos faça perdermos a esperança no mundo e permanecemos a agir lutando nele.

A doença existe e deve ser tratada como ela é, algo sério. Tirar o seu da reta ajuda a doença a se proliferar e também contribui para o estado lamentável dessa necropolítica que apesar da pandemia ainda arruma tempo para por meio de seus policiais fazerem terrorismo de Estado tirando a vida de jovens que em maioria esmagadora são negros, pobres e de periferias por se encaixarem em seu perfil de "marginal", perfil descaradamente criado e baseado em preconceitos.  Algo ilustrado pelo recente caso da morte de João Pedro Mattos, jovem negro de 14 anos morto em operação policial no Rio de janeiro.

 Podemos fazer muito fazendo pouco, levando as condições materiais de cada em consideração, com pequenas ações como usar máscaras, evitar sair sem um bom motivo e assim ficando em casa quem pode e higiene básica. Não precisamos de nenhum falso “Messias” que ri em cima de uma pilha de corpos onde a maioria é pobre, moradora de favelas, periferias e interiores, lugares que estão mais vulneráveis a proliferação da doença por omissão do Estado, pois o governo está priorizando as cidades, grandes polos de interesse econômico, enquanto nós ficamos de lado. 

Não é o momento de olhar para o céu, e sim para a terra onde estão nossas armas de combate, são elas: união, amor, solidariedade humana, empatia para pensar bem antes de agir, para que sua ação não implique na morte do outro e a ciência. Não temos “milagres”, mas temos a ciência ao nosso lado (quando ela não está apenas a serviço dos interesses lucrativos e mesquinhos da classe dominante), ciências essas que não são outra coisa senão os “milagres” que já foram desvendados.

A cura não está no céu, nem nos feijões vendidos pelo pastor e muito menos no cabelo que foi encontrado na bíblia, a cura está aqui, na humanidade, e em parte depende da nossa ação consciente em mobilizações, solidariedade entre os de baixo tanto nas periferias, quanto nos interiores para enfrentarmos as nossas lutas no cotidiano, unidos com os pés firmes na terra fazendo a estrela negra da liberdade brilhar.

Por Jeimison Silva “James”
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Sites consultados:
https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-05-13/batalha-para-encontrar-o-paciente-zero-do-coronavirus.html
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/28/coronavirus-brasil-mortes-casos-confirmados-28-de-abril.htm


https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2020/01/secretario-da-cultura-escancara-inspiracao-fascista-do-governo-bolsonaro-diz-cientista-politico/

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52316728

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52195087


https://www.saude.gov.br/fakenews

https://frutosderesistencia.blogspot.com/2020/05/projeto-bike-sonora.html

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/05/19/adolescente-de-14-anos-e-morto-em-operacao-policial-no-rio-de-janeiro.htm

https://www.terra.com.br/noticias/coronavirus/a-farsa-dos-caixoes-vazios-usados-para-minimizar-mortes-por-covid-19,0322d635a96efa01decd61cb0daccea1ocu3lmr1.html

https://www.saude.gov.br/fakenews

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